quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Personagem "o homem molhado"

Hoje eu vi um homem de terno molhado, cabelo pingando e poças no sapato novo que comprou para a entrevista. Caminhava na chuva da rua dos Pinheiros em direção a Faria Lima. Seu olhar ensopado questionava se suas mãos vão poder apertar as secas do Diretor. Não era para ser? É assim que se deve pensar? A culpa é do guarda-chuva que ficou em cima do armário da lavanderia. E ainda não pode esquecer que não pode enfiar o terno dentro da máquina de lavar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sem promessas

Depois de um longo tempo consegui compreender uma atitude mesma que minha memória transformou. Novo desenho da lembrança impressionante e impressionada pela possibilidade modificada pelo tempo. Nós a desenhamos novamente conforme nossa sanidade dentro do limite real. Sob o julgamento correto dos olhos que de longe podem condenar à todos entre si. A exigência que esteja com sentidos vivos amanhã com os comprissos de ontem. Mas ninguém em sã consciência reflete quão longo é o dia para se garantir estar vivo. Que palavras usar a convencer os seus, se não a ti pertence algo além deste instante? Quão leviana sou e fui por ter deixado morrer a vontade de um curso em tempo final, se não sou dona da vida. Sem justificativas para egoísmo que tem culpa já desculpadas. Todos contratos são irreais se não preverem a morte nas entrelinhas. O contrário se enchem de apelos, promessas e a não espera da morte que afundou o continuar. E o inconformismo era como se deixou morrer nos últimos dias. Não sou a mesma de ontem que morreu entre os julgamentos. E agora, de outro lugar, pode-se emitir as palavras e acordos de sons de outra vida? Somente sem grandes promessas.

Posso desistir

Eu posso desistir. Alguém inventou que a persistência é uma qualidade, mas ela pode também ser sinal de burrice, pois todos podemos voltar a atrás quantas vezes quisermos e assim mesmo não estaremos desistindo, pelo contrário, continuamos lutando de alguma forma para nossos sonhos se realizarem. Toda vez que você desistir de algo, está automaticamente pensando em começar outra coisa nova.
As vezes persistir em algo que já secou é só perda de energia. 
Só não desisto da minha causa. A causa de existir com alegria.

domingo, 7 de novembro de 2010

Sem o Eu maior

Pés inchados sobre a almofada bege dilatam as veias que recebem a vibração dos maus pensamentos. Ondas depressivas entram em rota de colisão no círculo vicioso do inconsciente que para de receber as ordens do eu maior. Reverberam os questionamentos de amor e da sabedoria.

Se saber traz o sofrer, por que a busca incessante dessa morada nas incertezas? 
Pra quê trabalhar? se o trabalho é uma das ilusões onde brincamos de distrair da existência e que nos afasta dos vícios. Fábula boa que junto da instituição do casamento e filhos, fazem girar as rodas do consumo e as peças econômicas capitais, e o impedem de querer a morte, pois aí pensam que podem precisar de você. 
De onde vem o desejo de fazer achar que você quer entrar no carro novo, ter celular que entra na internet, notebook que cabe na bolsa, a TV que se vê de óculos... Aí, mas qual é mesmo o motivo da existência? 
Ser alguém, sucesso onde for, casar, viver de trabalhar, comprar, ter filhos para fazerem o mesmo e assim o círculo continua sem parar... 
Será que o motivo de estar aqui para aprender algo com o bem que se faz a alguém e a todos amar é utópico? Então não sei pra que tanto o que, aonde, como...se tanto faz...tá aprendendo de qualquer jeito em tudo que se faz e em todo lugar tem esta oportunidade. Não precisa nem tentar deixar alguma coisa para humanidade, só ame e faça caridade. Eu maior voltando...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

sob o véu

qual é a real diferença

entre um poeta da academia de letras que você conhece ou não

entre um cantor que canta no bar ou num grande salão

entre um pintor que tem sua obra no masp ou no porão

entre um ator de teatro ou de roldão?

será que as pessoas que atingiram maior excelência na arte são as que conhecemos na escola, nos livros ou na mídia?

quantos outros Mozarts, Picassos, Pavarottis, Shakespeares, Al Pacinos existem sob o véu da obscuridade da história?

será que os verdadeiros artistas sublimes são aqueles imortalizados pelo tempo?

ou será...

pois os "ou" são muitos...

aí me vem... por que será que mesmo sem ter chance alguma de serem revelados eles continuam suas obras?

por que mesmo sem ter recebido qualquer prêmio ou reconhecimento não deixam de fazer e criar, criar novas e belíssimas artes?

podem ter esperança de um dia serem imortalizados, mas às vezes fazem a escolha de não querer... não querer que sua arte termine nunca... no sentido de nunca acabá-la e no sentido de nunca ser conhecida por ninguém além de suas margens de sangue e amizade.

não sei... eu só sei que a estes eu devo muito.... parabéns! aplausos de pé.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

quando foi?

eu só queria saber quando foi?
quando foi?
o exato momento que deixamos de priorizar o nosso amor
e que colocamos á frente nossos sonhos individuais,
ambições díspares, que nos impulsionam a caminhos opostos?
se eu pudesse saber o momento
voltaria no tempo para ver quem foi o primeiro,
pois sei que você não o fez sozinho,
eu tenho toda minha parte neste caminho,
caminho de quase solidão que vivemos a dois.
o amor existe meu amor e sempre irá existir, mas não é mais o primeiro,
não é o que nos faz agir com o impulso de viver.
hoje nos faz pulsar a profissão, carreira, ocupação, ambição de um reconhecimento,
o reconhecimento como servidor da cor, da arte, da alegria do outro,
mas não de seu amor.
quando eu chegasse a este momento decisivo poderia imaginar como seria
se um dos dois não tivesse tomado esta decisão.
escolha um pouco infeliz de amor a dois, mas feliz de amor de servidão.
não sei se tomaríamos caminhos diferentes
depois de ver como tudo já se encaixou no tempo.
mas como poderia voltar no tempo? em que tempo?
se não sei nem mesmo quando foi.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"Casal para Nelson"



Fui enlaçada pelas palavras que este menino utilizou com um olhar único, poético, sobre uma “menina que logo moça virou mulher”.
Apaixonei-me pelo conto.
No princípio não percebi as vírgulas de grande malícia que pontuavam cada respiração da menina. Fui com um primeiro olhar inocente, mas tudo foi se encadeando e pude constatar a inspiração e criação "TitoRodrigueana".
Com o desenrolar do conto a menina cresceu e cresceu também sua audácia, sua leviandade e sua dor. Fascina a forma como o Tito finaliza o conto. Envelhece a personagem com a redenção e penitência indireta pelos seus atos imorais da juventude em uma vida conjugal nada feliz.
O encontro do conto com a peça coroa esta relação de casal, “Casal para Nelson”, que apesar de utilizar o conto como fundação, só o apresenta no subtexto da pequena peça.
Este texto para mim é muito expressivo, marcante e exige de mim uma densidade ainda não experimentada.
Agradeço ao Tito por esta oportunidade e tenho orgulho de tê-lo como amigo, colega de trabalho, diretor, afilhado... sempre.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

biscoito da sorte

no parapeito do 23º andar a lágrima cai



é tão imprevisível estar vivo



a mensagem do biscoito da sorte chinês a faz rir



uma palavra define todo um futuro que ela escreveu nos pensamentos inseguros.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

tintin

Coça o nariz com o pelo do gato nos olhos

comemora com a saia da boneca queimada nas idéias

amassa o chancliche regado a muito azeite

lava com vinho derrubado as risadas presas

contraria tarde o bom homem que acorda cedo

terça-feira, 19 de outubro de 2010

pensamento voador


duas madrugadas sem dormir em pensamentos que me levam a várias estações.
a lâmpada do abajur não deve se apagar antes das pestanas pesarem.
se eu as apago por apagar é condicional para que os pensamentos fujam da razão.
mesmo tentando prendê-los pelo controle da respiração eles voam.
ninguém consegue segurar uma borboleta depois que fica acima dos dedos mais longos.
mas eles não ficam somente na estação do que é irreal e talvez inalcançável.
agora também transitam pelas realizações presentes de alegria e luz.
são pacificados pelo conhecimento que penetra pelas pestanas através dos olhos de vidro.
e sentem-se empolgados por cada nova identificação com seus ancestrais.
personificam o prazer por si e pelo outro que os toca em sonho.
e assim fazem adormecer sem a consciência de qual foi a imagem que os imobilizou.



sábado, 2 de outubro de 2010

"cola do blog do meu amigo Dyl"



Crítica: Momento inquietante na Praça Roosevelt
Por Luciano Maza (SP) - Caderno Teatral
Bernard-Marie Koltès (1948-1989) é o principal nome da dramaturgia francesa da segunda metade do século XX e seu autor mais encenado no mundo. Sua obra é marcada pela força da linguagem que transita entre o coloquialismo e a poesia, e também pelo retrato contundente de um universo marginal com personagens que lidam com a violência de uma realidade crua, excludente e solitária.

Temas muito caros também ao grupo brasileiro Os Satyros que ao longo de sua História travou diálogo com textos que abordam a marginalidade social, assimilando a questão presente no dia-a-dia do coletivo que se localiza numa região degradada da cidade de São Paulo e que até sua chegada estava abandonada e habitada por figuras como traficantes, drogados, trombadinhas, prostitutas e travestis que carregam em si a tragicidade do submundo.
É de se festejar o pertinente encontro entre a companhia paulistana e o autor francês com a montagem de “Roberto Zucco", seu último texto - encenado pela primeira vez apenas um ano após sua morte, na Alemanha. Na peça o dramaturgo toma a História real do famoso serial killer italiano Roberto Succo: um jovem perturbado que entre 1987 e 1988 matou diversas pessoas em países da Europa depois de fugir da prisão psiquiátrica em que estava por ter matado o pai e a mãe anos antes. O Zucco da ficção é apresentado sem julgamentos e sem camadas psicológicas, o que o autor faz é mostrá-lo nas situações em que se encontra, sem se preocupar em explicar o porque chegou até elas ou dissecá-las moralmente. Também não defende o ponto de vista do protagonista, não caindo assim na armadilha de martirizá-lo como muitas vezes acontece quando um autor tenta justificar os atos de um personagem maléfico. Acompanhamos em quadros o olhar oblíquo do personagem, sua mente doentia e a saga por sobreviver numa condição que desde o início está condenada à morte, como um herói trágico destituído de boas inteções. São fragmentos que mostram seu reencontro com a mãe antes de assassiná-la, seu envolvimento com uma menina inocente e como isso afeta a família agonizante da mesma, suas idas à um bordel onde parece sentir-se um pouco menos desconfortável e seus encontros com personagens do cotidiano das ruas, do metrô e de uma praça onde conhece uma mulher elegante, símbolo da burguesia que no fundo tem consciência de que algo está errado, mas espera um acontecimento externo para agir ou reagir. A força do texto é a própria força deste personagem, protagonista absoluto, e a estranheza de sua linguagem e estrutura dramática que provocam uma inquietação ainda maior nos espectadores. A direção é de Rodolfo García Vázquez (também tradutor do texto), um dos maiores criadores de imagens do teatro brasileiro. Utilizando poucos recursos e trabalhando muito bem suas iluminações, o diretor consegue efeitos de forte plasticidade com o estilo algo sujo e espectral que lhe é peculiar. Agora não é diferente: o encenador cria ótimos momentos na montagem, em especial as cenas coletivas como a do final e a do parque - a melhor do espetáculo, ápice criativo e de condução dos atores -. É de se destacar também o excepcional uso do espaço físico - em pesquisa espacial já iniciada em “Hipóteses Para O Amor e A Verdade” -, o recurso das arquibancadas móveis é muito interessante ao localizar em diferentes lugares os quadros que compõem o texto, movendo nosso olhar perante a cena, ampliando e reduzindo os ambientes de ação e dando ritmo à sequência. Os movimentos não são em nenhum momento gratuitos e são precisamente executados. O jovem elenco forma um conjunto que em diferentes níveis responde bem às necessidades da encenação. Robson Catalunha encara a difícil tarefa de viver o protagonista, tendo um típo físico mais franzino que o personagem demanda. É visível seu esforço e empenho, mas lhe falta algum peso; sua surpresa está na sensibilidade do olhar que constrói para o psicopata e que chama atenção na cena em que dialoga com a mulher e seu filho que será morto por ele. Julia Bobrow perpassa as emoções apaixonadas da jovem menina sempre de maneira verossímil, há uma infantilização na figura que desenha com quase malícia e que de certa forma a limita, mas o reencontro de sua personagem com o protagonista ganha força graças à seu bom trabalho. Cléo de Páris como a irmã da menina utiliza o exagero do expressionismo nas duas cenas em que contracena com outros atores, acertando o tom na segunda, já em seu solo libertário exibe um belíssimo momento de atuação quase performática. O grande destaque do elenco fica com Maria Casadevall no papel da mulher que é sequestrada pelo personagem principal e nutre por ele uma espécie de fascínio ao tirá-la da comodidade da vida medíocre. A atriz surpreende em todo tempo que está em cena, alcançando a estranheza necessária para não cair no realismo das reações convencionais que a situação traria, dando o exato sentido inerte que esconde o desespero da personagem. José Alessandro Sampaio como o irmão da menina e Elaine Grava como a mãe do protagonista e madame do bordel estão corretos em seus personagens. Completam o elenco Dyl Pires, Diney Vargas, Victor Lucena, Priscilla Leão, Katia Calsavara, Marcio Pellegrini, Cristiano Dantas, Thadeo Ibarra, Cláudio Wendel, Ricardo Campanille, Renan Pena, Aline Leonello e Julia Ornelas.
Imperdível, “Roberto Zucco” é mais um grande momento artístico do grupo da Praça Roosevelt.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

pé lindo e feliz!



Sim!Com um lindo sorriso que não vê nos olhos a algum tempo. Ele é grato pelos dias de sol ou nublados. É tão lindo que não permite que falem mal da nuvem e o tempo cinza que também é lindo. O cheiro da chuva que embaraça os cabelos, mas irriga os ares dos pulmões secos.
Para lembrar sempre e voltar neste. Neste que dá glória por estar viva com saúde dos fios do cabelo a unha do pé que a sustenta no passo livre. Eles podem ficar marejados por algum tempo, mas lembre da ficha que caiu depois de um longo tempo. Saiu da "matrix" e viu tudo mais real, mais sentido, mais pensado.
Não volte para a existência que vive nas ilusões das aparências de dentro da "matrix". Voltar para "matrix"? Lá você não pensa, lembra?
Vai sempre ter algo dentro de você que tem de ser controlado. Esse algo dentro que é sugestionado pela mídia ou pelos que lá estão conectados e não percebem.
Não seja abduzida novamente, pelo simples prazer de fazer parte dela só para comprar o sapato novo e a espaço-nave para sair de lá.
A beleza dos dedos, do peito, das unhas, do calcanhar são únicas e especiais sim. Não ligue para os que pensam que são menores ou iguais.
Encha a alma como um balão que não estoura nunca e pode ficar mais cheio, mais colorido, mais bonito... Então inspire, puxe o ar mais e mais... e imagine o tão lindo q vai ficar!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

o papel branco



ela sentiu sem bater a hora. ninguém precisou avisar. ninguém repara. não, não coincide com a tensão do antes de lembrar que é uma mulher. esta vem depois a cavalo com um felino de olhar comovedor na garupa. olhar que faz olhos ficarem secos num saldo de apenas vinte minutos ao dia. procura por entre as coisas jogadas na cama, onde foram parar as certezas, que variam de acordo com a temperatura do dia. o papel branco em cima da mesa não conta as anotações que devia ter feito para si da última vez. da última vez, pensou que havia pensado acertadamente sobre o que fazer. mas agora tudo se foi novamente. apagou-se ou não ficou legível o tal do pensamento acertado. vai ter que refletir mais uma vez e tentar chegar noutra conclusão. conclusão que não a leva para lugar algum, só mais a dentro da neblina da montanha.

Sylvia Ji
















a procura de uma beleza decadente me apaixono por um olhar pintado por uma menina oriental americana com talento excepcional. hipnotiza a beleza modelar, as cores de olhos contrastados... caveiras bonitas de semblantes tristes... santas e mexicanas. inspiração para alma!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"mal olhar e paixão"

Na última aula, tive uma nova dúvida, que também veio acompanhada por novo bilhete.
O que gerou a minha pergunta foi o tema: "pecado por pensamento ou adultério".
Um dos comentários da professora sobre o assunto foi mais ou menos assim:
“... todo o que lançar um "mal" olhar para uma mulher, cobiçando-a, já no seu coração adulterou com ela".
- Como posso considerar que seja um "mal" olhar, se o mesmo é feito por admiração à beleza, as qualidades desta mulher? A atração é ruim? Não é natural do homem? Não consigo ver como algo "mal" ou ruim, mesmo que este homem seja casado... Será mesmo mal? Não pregamos que devemos amar a todos?
Então ela respondeu que devemos amar sim, mas como irmãos. E que ainda não estamos evoluídos suficientes para amar a todos desta maneira. Pois aquele que tem o coração puro nem sequer pensa no mal.
Recebi o bilhete da "Liz" dizendo:
- O Amor é bom, a diferença é a paixão. Na paixão nós queremos o outro para nós, no amor nós queremos apenas a felicidade do outro. O mau aí é a cobiça, o desejo malicioso e não amoroso, é apenas o físico. Podemos amar todo mundo, mas podemos escolher fazer sexo com uma pessoa só. (casamento no sentido mais básico é isso: escolher 1(uma) pessoa para se relacionar sexualmente). Pecado=Pccahus=tropeço (só isso). A paixão é ruim, é uma doença, faz mal a quem sente e ao objeto dele. A vibração do amor está no oposto. "Liz"
Mas neste caso eu não me convenci por completo.
Para um homem iniciar uma relação com uma mulher, ou vice-versa, antes precisa existir certa atração, não acha? Caso contrário serão apenas amigos, ou até menos que isso... Deste “olhar” poderá vir uma relação com amor verdadeiro. Então será que este "mal" olhar é mesmo "mal" e não precisa ser "lançado"?
E a paixão hoje em dia, não é considerada uma característica positiva? Somos aconselhados a viver a vida com paixão, isto é, com intensidade e entusiasmo. Também é melhor ter uma paixão, ou seja, um objetivo na vida, algo que dê um sentido a nossa existência e que nos sirva de estímulo para não cairmos na rotina.
(A origem da palavra "paixão" faz referência ao fato de suportar alguma ação sem poder se opor a ela. É o significado utilizado pela tradição cristã ao referir-se à "Paixão de Cristo", isto é, às humilhações que ele teve de suportar entre sua prisão e sua execução na cruz. A Paixão de Cristo é um dos exemplos do que se pode chegar a suportar para atingir uma meta. Para o cristianismo, Jesus, por amor a humanidade, aceitou as piores humilhações para mostrar a seus fiéis a verdade de sua promessa por meio da ressurreição.)
O filósofo Kant (sec.XVIII) disse que a paixão é uma doença, porque nos priva de nossa liberdade. Mas no sec. XIX se começa a pensar que os sentimentos e as paixões nos desvendam aspectos deste mundo que a simples razão não saberia reconhecer. É perigosa para as pessoas frágeis que se deixarão dominar por elas, serão úteis para os que tiverem vontade suficiente para dominá-las e tirar proveito delas. O filósofo alemão Hegel (sec.XIX) disse que "nada de grande se fez no mundo sem paixão".

orgasmo espiritual

Comecei um curso de espiritismo para me aprofundar nesta filosofia, religião, e lá eu tenho liberdade de tirar minhas dúvidas.
Na 1ª aula, depois de um comentário da professora sobre as experiências anteriores a esta vida, aproveitei e questionei algo que sempre "martelou" na minha cabeça quando falavam de reencarnação:
- Há espíritos "novos" sendo "fabricados", nascendo hoje, ou só existem os "velhos experientes" que ficam renascendo e renascendo?
Então tive uma breve explicação, porque este assunto será abordado no decorrer do curso, onde ela explicou que mesmo o espírito sendo novo, existe novos espíritos nascendo sim, mas mesmo novos, eles trazem uma experiência de "vida" como ser vivo.
Então conclui que podemos sim ter sido pedra, planta, animal, mas segundo a filosofia nunca regredimos, só progredimos.
Legal! Por pior que o homem tenha sido, nunca mais será cachorro novamente... Segundo eles.
Foi depois disso que tive uma grata surpresa, recebi um bilhete. O bilhete tocou no meu braço e me deu choque. Pareceu até um sinal. Foi entregue por uma colega de sala. Que depois fui saber quem era. O bilhete dizia:
- Toda relação sexual onde existe o amor verdadeiro e onde os dois parceiros atingem o orgasmo não somente físico resulta na criação de uma alma nova. As relações sexuais meramente físicas resultam no corpo meramente físico, que será nova morada de um espírito que necessita reencarnar. (não se trata de uma regra, mas de como o sexo é realmente mágico e muito mais sagrado do que as pessoas imaginam) “Liz".
O bilhete foi um complemento para minha pergunta, pois o próximo passo ia querer saber "quando nasce a alma nova?" e "quando nasce a alma "com bagagem de vida humana anterior?"". A Liz nem imagina como esta mensagem me veio em boa hora...
Agora se é verdade, ou não, não sei, mas me pareceu bem plausível do porque existem mais seres "experientes" nascendo. Eu acho que está faltando na terra pessoas que possam fazer amor verdadeiro e atingir um orgasmo espiritual...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Maca do gineco"



Eu fui ao meu "gineco" ontem e me lembrei da minha 1ª consulta ao ginecologista. Seria engraçada, se não fosse trágica. Toda menina deveria ver a foto de uma maca de ginecologista antes de entrar sozinha para a 1ª consulta. É, eu tinha "vergonha" que a minha mãe me acompanhasse em tudo, então ela ficou do lado de fora. Aí, lá fui eu, com os meus 16 anos, achando que saberia me virar muito bem sozinha! E foi realmente uma virada e tanto!

Bom, primeiro existia uma assistente que me explicou:

-Tira tudo e coloca o avental, tá querida!

Entrei no banheiro, tirei a roupa e me deparei com o ... 2 aventais! Então pensei: "..ah, um deve ser para colocar de frente e outro por traz, afinal eles tinha uma abertura muuuito grande, não cobriam nada... Saí do banheiro e a cara da assistente tentando segurar a risada foi a pior. Talvez tudo teria sido melhor se ela e o Dr. Jesus, tivessem rido mesmo na minha cara, talvez teria ficado mais calma. Ela falou com delicadeza:

- É só um avental querida!

- Mas tinham dois lá no banheiro...

- Então um deve ser da paciente que saiu e não jogou fora.

Logo pensei..."hum, que nojo, a mulher vestiu isso pelada também, !

- Então vou tirar.

Tirei e voltei para sala mais constrangida ainda, porque sem o outro avental tudo ficava mais transparente, mas o que ia adiantar, o Dr. Jesus ia ver por baixo mesmo...

A assistente completou:

- Agora deite aqui e coloque cada perna em um apoio, certo querida!

- Ah, tá!

Fiz o que ela pediu, mas eu devia estar mais dura do que "sei lá o que". Só uma mulher sabe o que é esta sensação de vazio vindo por debaixo das pernas, o friozinho que bate sem calcinha e suas pernas arreganhadas e presas naqueles suportes... não tem nenhum vazio igual.

O Dr. Jesus entrou. Sim, esse era o nome do médico, não é brincadeira cristã, não. Então o vexame sucedeu. Ele aproximou uma aparelhagem parecida com um microscópio. Isso eu só vi depois, pois neste instante eu estava olhando para o teto, tentando relaxar minha perna que estava muito tensa. E ele pediu com toda gentileza:

- Você pode chegar um pouco mais para baixo, por favor.

Eu nem pensei duas vezes e imediatamente tirei minhas duas pernas daqueles suportes de ferro e....cadê a maca? Foi tudo muito rápido, esperava que havia uma maca embaixo de mim, mas metade dela foi abaixada! ...Eu bati com o pé no instrumento do doutor, pelada e tudo mais, pisei nele e quase cai no chão...foi péssimo! O instrumento não quebrou, graças a Jesus! E para piorar eles não deram uma risada...
Voltei para a maca, agora avisada que a parte debaixo dela se abaixa quando agente deita e apoia as pernas no treco, e terminei a consulta em silêncio profundo...
E claro, nunca mais voltei no Dr. Jesus. Ele era um ótimo médico, mas minha vergonha não permitiu continuar sendo paciente dele.
Hoje me lembro disso com muita graça e contei ontem para o Dr. Julio, meu "novo Gineco" que me atende a 13 anos..e com ele eu nunca caí! Graças à J..Deus!



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Me achei na Filosofia!


Eu acho que descobri porque o título do blog “reflexão de um leão” foi pensado e definido por mim com tanta clareza e rapidez. Sempre amei refletir, é fato, mas recentemente o que tenho mais feito é refletir idéias sobre o mundo, o Homem e o ser.

Tenho curiosidade em compreender, e me inquieto ao questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a realidade dadas pelo senso comum e pela tradição.

Não é por acaso que abdiquei de uma suposta “sólida” carreira de executiva, para me dedicar à arte e o saber. E continuo questionando esta e outras formas “regradas” de trabalho; entre outras questões como a “cobrança” de ser mãe; as formas de encarar o sucesso; a “felicidade” matrimonial; os “valores” de uma arte; o “valor” do trabalho de um artista, mais especificamente de um ator; etc.

Estava angustiada por me sentir sem nenhuma especialidade; apesar de ser formada em Propaganda e Mkt, trabalhado como securitária durante 10 anos e feito curso técnico em Artes Cênicas, ainda não sou especialista em nenhuma das áreas, tenho muito que aprender. E com isso continuo sendo mal interpretada pelos meus próximos, por não ter um trabalho de 2ª a 6ª, dás 08h às 18h, com toda esta formação.

Gosto de fazer Yôga, que é uma filosofia que muito me interessa e ao mesmo tempo estou estudando o espiritismo, com admiração e dedicação. E pode até ser que “não poderia misturar as duas coisas”.

Perdida, nas minhas reflexões, achei uma revista sobre FILOSOFIA, que havia comprado e não tinha lido. Então comecei uma peregrinação sobre o assunto:

A principal característica que Aristóteles vê num filósofo é que ele não é um especialista. O sophós (o sábio, tomado aqui como sinônimo de filósofo), é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do kosmos (o universo) como o da physis (a natureza), como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua real forma.

Para Platão, a primeira atitude do filósofo é admirar-se. A partir da admiração faz-se a reflexão crítica, o que marca a filosofia como busca da verdade. Filosofar é dar sentido à experiência.

Para Edmund Husserl, a filosofia deve embasar a ciência realizando uma investigação rigorosa dos fenômenos como nos aparecem, ou seja, da consciência que temos das coisas. Para tal, deve-se por em parênteses todas as pressuposições e preconceitos (até mesmo a certeza de que os objetos existem) e descrever o que se tem na consciência.

Filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Entre os povos que desenvolveram escritas fonéticas ou ideogramáticas, as principais tradições filosóficas são a filosofia indiana, a filosofia chinesa e a filosofia ocidental. A maçonaria, o seicho-no-ie, a yoga, a rosa-cruz e a teosofia são os exemplos mais comuns de tradições filosóficas.

Metafísica: Concerne os estudos daquilo que não é físico (physis), do conhecimento do ser (ontologia), do que transcende o sensorial e também da teologia.

Epistemologia: Estudo do conhecimento, teoriza sobre a própria ciência e de como seria possível a apreensão deste conhecimento.

Ética: Para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que nos mostraria como devemos viver e agir.

Estética: A busca do belo, sua conceituação e questionamento. O entendimento da arte.

Lógica: A busca da verdade, seu questionamento, a razão.

Ou seja, os principais objetos da filosofia, são de todos e os meus:
Estudar a Teologia; Como viver e agir; Entendimento da arte; Buscar a verdade!

Agora o próximo passo é procurar a Universidade...será?

..martela hoje

Conhecimento
substantivos: saber; sabedoria; filosofia; intuição.
verbos: saber; conhecer, filosofar; conhecer.
adjetivos: culto; lido; entendido; pensante.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

sexta

desliza o pincel com a sombra marrom no canto do olho direito. no reflexo olha o pé que descansa do peso de uma platéia cheia. dois rostos que parecem cansados estão emoldurados pelo mesmo espelho velho manchado. mas os olhos brilham ao descer as escadas na corrente do merda. evapora-se a gota do suor do roupão e do casaco para a próxima sexta. a fadiga encenada dá lugar a verdadeira paixão por fazer o já feito melhor.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Coração de poeta

Criei dia 23/08 o blog: http://coracaodepoeta.zip.net/, que publicarei os poemas e sonetos escritos pelo meu avô, Nilton Abrão, jornalista aposentado. Ou como ele mesmo brinca em se descrever: "poeta, prosador, espadachim e bêbado". São poemas e sonetos lindos, com o português clássico e estrutura "Camoniana". São todos carregados de muita paixão...

" Ah! mocidade aflada por quimeras,
Espírito arrojado que, sonhando,
Quis engendrar sublimes primaveras,
Sob frio sol de neve transbordando!"

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Tempo para dar corda


ela disse a palavra antes de fazer a conta do tempo do amor. tinha aquelas horas a espera de trocar um carinho na almofada vermelha, ou simplesmente por saber que no momento que quisesse esticar os braços, alcançaria os cabelos frios do vento. agora sozinho, fecha a fresta da varanda e muda de mão o controle para acariciar somente o pelo branco da cadela que conta também o minuto para ela chegar. ela não contou a hora que faltava, pensou e disse sem olhar para o segundo ou ouvir o ponteiro do amor que badala fraco por falta de corda. ela para, e tenta voltar com a palavra impressa no tempo para ganhar o instante no espaço do amor que ainda vive.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estreie nesta sexta-feira 13, a peça Roberto Zucco de Bernard M. Koltés, dirigida por Rodolfo Garcia Vázquez da Cia Satyros. Faço 3 participações na peça: Uma mãe, cena da família que o Zucco se envolve com a menina; Uma puta, que está no bar que o Zucco briga; e Uma mulher do parque, na cena do Refém. Foi um processo de quase um ano, cheio de percalços, mas que agora gerou um lindo espetáculo. Agradeço a Deus por esta oportunidade, pela experiência que estou vivendo e principalmente pelos amigos que fiz nesta jornada, obrigada! E como diz meu querido Dyl, viva os os sobreviventões!!!

Estreamos!!!


recipiente apertado



a alma despeja algo dentro de um recipiente apertado que não cabe nada. tudo transborda. é expurgado tudo que queria entrar com desespero. desespero por um recipiente que acalmasse, amparasse todas as partículas carentes de ilusões. podia ser só por um tempo maior que tudo cabesse ali. como a alma acreditou em um objeto desse, isso não se sabe. acho que ela estava com a vista turva pelo perfume das sensações. o perfume também ludibriou a vontade da alma soprar o vento que a árvore precisava, e sem vento, ficou sem flores. agora vai ter que fazer força extrema para parar de chorar o que já foi derramado e o que não foi soprado com vontade. seu peito apertado permite que dê um salto ela veja de binóculo que ela diminuiu de tamanho. encolheu dolorida. agora o líquido passa debaixo da porta junto com o vento e ela olha pra cima pra soprar novas flores que vão nascer, e pensar que ainda pode comer uma pétala rosa com gosto de mel e encher uma taça que cabe seu vinho.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ORAÇÃO DO ATOR

Ó meu Deus! Ator Onipotente, criador do maior Espetáculo - o Universo - ouve-me nesta prece de amor!Dai-me a perseverança, a paciência, a dignidade e o amor!Fazei com que minha personalidade não se deixe influenciar pelo meu personagem, mas, que eu possa colher dele, toda a vivência, todo vigor, toda força, toda magnitude!Que eu transforme a realidade em uma nova realidade, que eu recrie a obra da arte com toda força inteira e que eu colha do meu trabalho toda justiça, toda fortaleza, toda grandeza e todo amor!Fazei com que as luzes dos refletores se tornem luzes divinas a iluminar todos os atos da minha vida, para que eu faça do palco um altar, sempre na intenção de o respeitar, dignificar, amar e venerar...Que cada representação seja para mim, um Ato de Fé!Que cada trabalho seja um sacrifício de glória e sucesso!Para que eu envelheça, crescendo na representação e representante, crescendo na velhice; sempre trabalhando, trabalhando, emocionando e glorificando. Enfim, para quando eu não mais existir, a minha atuação aqui na Terra não tenha sido em vão, e que, quando cair o pano, no ato final, todos aqueles que convivem comigo, possam aplaudir-me gritando: Bravo, Bravo!E assim, eu possa agradar ao Maior Diretor Universal: DEUS!
[São Genésio: Padroeiro dos Atores]

quinta-feira, 29 de julho de 2010

cartas

tem dias que queria acordar na cartomante. ela abrir os reis os valetes e dizer das damas que como eu são muitas atraz de um destino. com o destino traçado nas cartas só precisaria seguir sem pestanejar o futuro que as mãos calejadas de olhos de esperança já abriram, como as cartas vermelhas e pretas de curiosidade. quais são a cartas que ficarão fora do baralho ou simplesmente não irão aparecer em nenhum dos três cortes do monte. um oito de paus imponente usando cartola e bengala irá ditar que quando a dama de espadas dorme os reis e valetes são embaralhados para uma nova fileira de possibilidades. o az de ouro estará na próxima carta comprada ou vai pro lixo, ou será trancado pelo três preto. dê um descanso para a cartomante e vire a próxima carta que encaixe com as que foram dadas no inicio do jogo e estão na sua mão. separe por naipes e sequência de números, assim tudo ficará claro para uma próxima jogada. e quem disse que não precisava de sorte estava errado. muita sorte é precisa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

poeira branca

estava a caminho da estrada de terra branca cheia de pedrinhas claras e camufladas de pó. começa a chover mas logo para e não sinto nenhuma gota da água da chuva em mim. ela não me molha. vejo só a três passos que uma poça se formou no meio ao pó. a água que não é mais do céu e sim do chão sujo de poeira. não se pode secar a água do chão no meio da estrada. ela vai secar sozinha por si só. não vou pisar na poça. quem gosta de sair pulando em poças de água pelo caminho são as crianças de pé descalço, que podem lavar o pé sujo de lama com a mangueira no portão de casa. se eu apareço com os pés sujos de lama vão dizer que eu preciso vestir um avental branco e pular as poças imaginárias de um quarto vazio de luz fraca. então agora rezo para que chova todas as noites para assim poder tirar o pó da estrada branca que ficou em mim.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

hoje

é sim. o som do iiiii vem de traz dos olhos que se enchem de lágrimas. no vibrato das rugas da testa que se abrem para tudo voltar ao normal. os lábios pregam em quase bico. ai, respira. só assim.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

blusa azul

sabe aquela blusa que parece que não tem nada de mais? ela é simples, de algodão, gola v, manga comprida e fininha. mas não é isso que a torna especial. é o azul. é de um azul que quem não entende nada de cor como eu não sabe explicar. não é royal. não é celeste. não é bebê. não é marinho. é de um azul quase cinza. eu gosto muito de usá-la. e eu descobri porque gosto tanto dela. ela é azul. do mesmo azul da roupa de todas as noites de alguém especial. que usa como se fosse uniforme de criação. então lembrei que esta cor tem muito do pouco que conheço dela. olhos. uniforme calça e blusa e macacão. figurino de rainha. de bailarina. de camisola de menina e filha. cor de ilusão, de inspiração. espero poder ter sempre uma assim na minha gaveta de blusas preferidas.

sábado, 26 de junho de 2010

Mestre Al

Sim, a lágrima se confirma. Ela desce e agora faz o som. O som da saudade que fica e do descanso...
Foi por ele, sem nenhum exagero, por Alberto Guzik, que estou onde estou hoje.
Depois de ouvir com os poros abertos as suas aulas, que me fascinavam, eu começo a seguir seu blog, e depois seu twitter...
Lembro bem das aulas, do jeito único que sentava na cadeira; na forma como passava as mãos pela careca; como ecoava o seu tom de pensar; como ligava as histórias do teatro parecendo que estava presente em todas elas.
Aquela cabeça era uma enciclopédia. Nos exercícios propostos ele corrigia cada palavra que fosse pronunciada errada, ou pulada, de obras do Shakespeare, Jorge Andrade ou Nelson Rodrigues, de cabeça. Ele as tinha gravadas.
Não é atoa que fiquei muito feliz quando ele me elogiou em duas cenas preparatórias. Uma na "a Escada" e outra em "Hamlet", em uma proposta totalmente experimental.
Conheci o Satyros por causa dele. E fui ver "Divinas palavras", "Liz". Apaixonei-me pela Cia. Tive o prazer de assistir a última apresentação da "Velha Apresentadora", um presente.
E através do twitter dele que vi uma oportunidade de ingressar no Satyros e poder estar ao seu lado. Não falei nada com ele durante o processo. Depois, quando de fato entrei, encontrei com ele e disse com alegria que iríamos trabalhar juntos... Li seu livro do Satyros: "Um palco visceral" e suas peças publicadas em Set/2009, e ganhei um autógrafo especial dele: "Para Pri, ex-aluna e agora colega (!) com enorme abraço".
Tive a oportunidade de subir no palco com ele duas vezes em uma substituição do "LIZ", mas infelizmente só ficamos juntos pouco tempo nos ensaios para o Zucco, que estrearemos se Deus quiser em breve.
Na minha formatura, tive vontade de montar "Um Deus Cruel", mas minha turma não topou. Adoro essa obra, e quem sabe ainda vou montar...
Não vou estrear com você Mestre, mas saiba, onde estiver, que você estará presente no meu coração quando eu pisar no palco. EVOÉ.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

lágrima antecipada

sem som de nada.
não pode escutar uma lágrima escorrer.
ilusão da força da água.
a natureza da força é maior.
a letra da lágrima a correr.
e quantas letras.
a imagem do som que ecoa na memória do rosto.
o rosto molhado que não acredita fácil.
ainda não precisa molhar o rosto.
tem que secar com a esperança de viver.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dia H

Bate forte, alguém pede para você ficar calmo, tem motivos suficientes para enfartar. Suspende o ar. Não é mais oxigênio. É qualquer partícula que está disponível. Sua pálpebra pula e pula para não fazer mais parte do todo. O azul fica roxo e o pé pesa no acelerador. Enxerga vaga onde não tem. Pisca alerta. O chão é vermelho, mas o vermelho sobe pelas paredes de corredores. Ignoro rostos, faces curiosas que torcem com o caso pior do que o seu, com medo de sangue ou vontade de ver mais.
Não. Barba branca embaixo do cobertor velho de passar roupa. Tremor de lábios pesados de oitenta e três invernos. Os olhos sem cor escuros brilham com o sopro de vontade de viver mais esperanças. O suspiro de alívio ainda não vem até fechar a porta em cima de rodas. Contam-se as partículas de urina e sangue.
Enquanto isso os olhos e ouvidos foram magnetizados para as piores fotografias:
Restos de vômito na camisa sem botão e preso no canto da costura do sapato; no outro lado refluxo de boca sem controle de dentes falsos, sem controle de olhos; bochecha e queixo de nenê roxo de tão vermelhos; agonia do pé na havaiana arrebentada; da costela quebrada que não pode deitar; dos cílios marejados pelo pior que passa na maca imóvel; do som do escarro com vômito; do choro de quem acha que vai morrer...
Em frente, sem precisar mover o pescoço vê-se a luz da funerária com tipologia oportunista, na esquina a igreja de culto alto e no meio ele o H. Que dia H. Dentro você não consegue respirar, sente o medo, a dúvida, a dor, ao lado a esperança e em frente tiveram a pachorra de lembrar o fim.
Parece que quando a gente vira o rosto para não ver o que viu, a imagem fica gravada mais rápida. Graças, saímos e batemos a porta sobre rodas caminhando sobre pernas firmes.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Macha

Dizem que não existem olhos negros, mas os seus são de puro negro.
O brilho descoberto de cílios é pretexto para uma aproximação qualquer.
O preto em que está mergulhada a faz ver com nitidez os pequenos raios de luz que entram pela janela.
Lembra com música dos rostos dos pais roubados pelo tempo.
Espera que os sinos dos irmãos toquem no alto da torre o badalar da felicidade, que você não ouve.
Aprecia os que como você toleram as decisões já tomadas, que por dignidade jamais as rompe.
Não rompe com os laços velhos presos em seu chapéu, mas sofre com as amarrilhas apertadas.
E quando toda escuridão se estabelece, você busca em sua memória a imagem daquele carvalho verde a beira mar.

dedução

automático, acho que entrou no automático. perguntar pelo dia, se enfurecer pela hora.
desligar por ocupação de um tempo que não pode ser gasto pelo simples fato de dormir com os mesmos lençóis.
ouvir com os ouvidos fechados para os pensamentos de amanhã.
tempo gasto até com fazenda da internet. não abre a boca. a língua não mexe para saber o que faz levantar seis vezes na madrugada. voltar a dormir, fechar os olhos é um descanso que alivia todo o exercício do amor. fica na dedução sem comprovação.
cai no colo uma janela para conhecer o que não se fala, apesar da troca de salivas pela escova de dente que dorme ao lado.
na outra cabeça passa todo o filme da dúvida deste silêncio. pelo fio a relação se restabelece. fica na dedução sem comprovação.
a parte explicada e a que sente a ausência da explicação ainda sentem. está presente o carinho de se fazer ouvir e querer ouvir quando o cachorro late no retorno de casa.
e como diz o jornalista de palavras sabidas, muitas são as vezes que se pode separar e casar com o mesmo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

dor boa de doer.

dormi em cima da mão esquerda.
unhas vermelhas pintadas de energia.
todo peso faz ela dormir.
descascada na ponta do polegar.
estão nela todos os formigamentos da ausência de sangue.
carne, osso e nervos se tocam.
sangue pulsante em todo corpo.
o peso do corpo controla.
alguma parte precisava mais.
sangue ralo de dor doída.
então minha mão esquerda dôa.
percorre o caminho da correntes vermelhas.
dôa seu sangue ao órgão mais frio.
entrega sua fonte de calor.
um cálice de energia vermelha em forma de sangue.
doa a quem doer.
dor boa de doer por doar.

Imagine...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

reflexão pós-formação

No carro, fazendo um percurso já conhecido, com trânsito "para e anda", ouvindo músicas da rádio preferida, meus pensamentos engrenam em rítmo de trabalho; justamente neste momento de tranquilidade musical entre mpbs, motores e businas, tenho um "insight".

Antes de saber o que fazer em um grupo de teatro que pretendo iniciar, com outras amigas atrizes, quero saber muitas coisas, entre elas quero conseguir responder:

"Qual meu papel no teatro?"

Então primeiro me vieram todas as perguntas que desejo responder em um projeto de pesquisa e estudo, que pretendo começar com elas:

- Quais grupos estão realmente ativos no Estado de SP? Como e porque permanecem ativos? Desde quando? Como iniciaram seu primeiro projeto? De que vontade partiram para a criação? Tem algum objetivo? Quais são os textos/autores que montam e por quê? qual estética, linha artística, espaço escolheram ou desenvolvem?Quem são os premiados nos ultimos anos e em que? Quem recebeu apoio e fomento nos últimos anos e por que?

E então vieram mais dúvidas:

- Qual a visão dos grupos sobre os caminhos do teatro hoje?Um ator de teatro realmente não sobrevive de teatro?Como se sente o ator com relação ao rumo do teatro? O que o ator espera do teatro?O ator sente que está fazendo teatro para quem faz teatro?...e então, com estas dúvidas sobre o sentimento do ator, este ser humano em "metamorfose ambulante", que me veio em mente um projeto para o futuro...talvez more aí a fonte do que me inspira a fazer teatro. Busca interna e entre os que agora me rodeiam, sobre a vida do homem no teatro. Sim metalinguagem.

Bom, só sei que não quero fazer nada mediocre, pelo simples fato de fazer algo. Acho que com a investigação e extrema vontade por saciar minha sede de busca chegarei com algumas respostas no final. E talvez estas me levem a crer, como já colocado por outros colegas, que fazemos teatro pra quem faz teatro. Então esta vontade de saber profundamente o que o ator sente, pode ser uma abordagem que eu queira no meu teatro. Mas ainda tem muita inspiração, aspiração e transpiração que podem me levar em lugares desconhecidos.

Agora vem o mais difícil. Não fazemos nada sozinhos. Tenho que encontrar mais atores que tenham a mesma sede que a minha. Ainda bem que já conheço algumas pessoas que tb estão ansiosas por dar o 1º passo.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

traço no infinito

O impossível não é impossível é apenas difícil.
Os olhos mais fechados levam mais tempo para alcançar as esferas.
É lindo ficar embaixo das estrelas e se ver flutuando a caminho do espaço e aos poucos ir sentindo as nuvens.
Vou deixar que as pegadas façam o traço preto no infinito.
Tudo fica gravado no calcanhar do pé esquerdo.
Pode ser que aquela pluminha solta no vento da varanda seja onde você irá apoiar os anos.
Solte os cadarços do sapato e pule nas linhas dos pássaros.
As marcas ficarão gravadas quando o relógio tocar com o cuco.
Assim o dente de nome difícil aparecerá em todos os momentos.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dieta especial

Os monstros estão presos em suas caixinhas. Não podemos alimentá-los demais, se não engordam e ficam pesados, achando que são muito fortes.
Às vezes nem percebemos, que enquanto comemos nosso pão de cada dia, eles estão ali embaixo pegando as migalhas e engordando de forma sutil.
Ter a consciência da existência deles é ótimo, faz com que você dose suas porções e os mantenham fechados em suas caixinhas.
Talvez você também se sinta fraco ao ver que o eGo não engorda, sempre é preciso achar um equilíbrio com a balança.
E que a vaIdade está triste porque você quebrou o espelho dela, e agora ela se olha em cacos.
Ou mesmo o orgUlho, que diminuto, está no bolso daquele casaco de forro verde.
Não se engane, agora você os tem sob uma dieta especial.
E como é bom ficar magrinha... Opa, acho que o caco de espelho terá de ficar embaçado sob o vapor do banho quente.

sábado, 15 de maio de 2010

a poeira passou

tinha uma poeira nos pensamentos dela. ela vem pelo ar. não se vê de onde, nem como, só se vê depois que está lá. atrapalha suas atividades. altera o seu humor. mas já passou. nada que um bom detergente possa limpar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

3 minutos

como será que se sente um jogador que treinou, treinou e achou que estaria na seleção mas não está? como sente o jogador que está na seleção mas fica no banco? como se sente o jogador que só entra para jogar em 3 minutos dos 90 de jogo? como serão estes 3 minutos? os 3 minutos dele serão iguais aos 3 minutos de um outro jogador? eles nunca seriam iguais mesmo. mas não seriam iguais nem dos próprios 3 minutos dele mesmo em que ele joga nos 90. são fantásticos estes três minutos. são especiais. valem toda uma preparação de meses. são mágicos. eles são contados pelos milésimos de segundo. pelas batidas do coração. e ele jogador sente que pode fazer todo jogo mudar. ele pode mudar o jogo. ele quer entrar com o time ganhando. e fará o máximo para fazer o gol.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Amei! Rio Do Tempo

O telefone esta ocupado
E eu estou muito atrasado para te ver
O nosso amor esta por um triz
Você me diz "eu tô feliz"
(Mais não te acho, o que é que faço)
Preciso sempre alguma coisa
Que era tão importante que já esqueci
Eu sempre gasto toda da grana da semana
E tô feliz...
(Isso é o que eu acho, o que é que eu faço)

Refrão:
Nestas ruas eu sou um motorista
Na cidade sou um cidadão
Para a policia sou um elemento
Na sua vida sou uma paixão
Sou um carro em congestionamento
Um vagabundo meio solitário
E a verdade é que no mundo eu não me encaixo
Eu nasci sintonizada,
Eu sou uma rádio
Que toca uma freqüência lá do espaço
Da estação rio do tempo eu sou um astro
Perdido em algum canto lá do espaço

segunda-feira, 10 de maio de 2010

naked

algo parecido com: "could you bring me one glass because my hurt is blooding"...ah. onde está a sua paixão? existe mais vida em um caixão do que nessa cara. nu. pelado. não vi o fim. me deixou louca só do que vi. tenho saudade de um lugar onde acho que existem pessoas que conversam. aqui as pessoas só falam porcaria. o que disse sua colega que fingiu precupar-se com algo além do seu próprio umbigo? como é ser você? deve ser dificil ser você não é? e só isso já valeu a pena, quem dirá quando ver até fim. droga de dvd com problema, trava na melhor parte.

Maio

MMMmmaa, maaaaa, mãe, não. mamamaiii, iiiii. iiiiooooo, ioioioio. Maiiiiiii, maimaimaiiiio.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Amor em partes

Calma... É preciso ter calma. Parar de achar que ouve e sabe todos os subtextos das palavras e olhares. Apegue-se só ao que foi dito. Você também tem toda a liberdade de rir com os olhos e gritar com a alma. Tudo em partes. Existe sim uma histeria querendo pular pela janela todos os dias às seis horas da tarde. E é a falsidade quem ensina aos ouvidos dos garotos de trinta anos, como tomar impulso no décimo oitavo andar. Saiba que a rejeição é causada pela incompatibilidade de unhas da mesma cor. Mas você delira em receber o olhar carinhoso de quem nunca te viu e mesmo assim parece que já o conhece de muitos anos, ele ama você. Amarão você em um simples olhar no vermelho do semáforo. E um simples suspiro seu vai incomodar. Que droga... De manhã você é admirada e considerada uma pessoa talentosa e interessante. À tarde uma preguiçosa que tem pouca força de vontade. À noite uma mulher com cara de menina que sabe fazer, mas não sabe justificar o como. Cada um só conhece um terço do que é você. Até quem acha que te conhece bem não sabe nada. Você mesma se descobre a cada dia. Todo mundo já sabe isso. Não é uma novidade. E mesmo assim continuam pedindo para que os amem. Amem-me por inteiro, por favor, pois sou uma pessoa...

terça-feira, 27 de abril de 2010

falando com o inconsciente


hoje é um experimento total.
não tem meio, não tem fim.
alguns vômitos.
alguma diarréia mental.
visão perfumada de mundo exterior.
impressão do outro pra comigo.
desabafo com amigo invisível.
diário terapêutico.
ego transbordado.
sim, ainda que contrariamente isso é blog de um eu.
desculpe se decepcionei.
por hora é o que dá para oferecer.
não, por hora é o que um eu quer refletir.
sem meio sem fim.
não vou procurar um fim maior.
acho que ele vai aparecer, e se não aparecer, e daí.

domingo, 25 de abril de 2010

olhos verdes


diante dela a camisa verde e olhos. ora rasos, ora profundos e risonhos. jeito moleque de não saber muito o querer, apesar de achar que sabe. ternura nas palavras de lábios rosa. brinca de ser rude com mau jeito para matar a formiguinha barulhenta do canto da sala de aula. olha de baixo para cima quando recebe o elogio do homem que tem barbas maiores e mais escuras. baba nas bonecas. bonecas loiras, ruivas, baixas, magras, velhas ou fazendo beicinho de vestibular. faz bem o palhaço como no filme que morreu rindo. e agora olha para ela e faz acreditar no mergulho profundo verde, que ora raso, faz cócegas de rir como com irmão de oito anos menos. no raso vai querendo fazer de sério para ouvir o que diz com a gargalhada presa no céu da boca. no fundo ela esquece e faz de conta que ele é o homem que só usava bigodes e tem o tempo para controlar ela de chapéu nas mãos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

desvios de rota

Começo quando planejo um bom começo. Não, nem sempre. Nem sempre os significados e sons usam as mesmas letras. 
Pic, pic, pic eu ouvia de fundo. Pode ser que seja dic, dic, dic. Ou ainda tic, tic, tic e ele ecoava igual e sem parar. Este som de seta ligada desde o momento que pensei entrar na rua estreita desconhecida faz ecoar um som de que nunca estive sozinha. 
Posso pesquisar para ver se nada está escrito errado no endereço, traçar rotas. Quando não se sabe o que esperar dos novos caminhos, nada basta. Corre-se o risco de deixar passar detalhes, e os erros o levarão para outro ponto de vista. 
O risco de rodear e cair no pânico. Pavor que transpira as mãos e pés. Deixa as mãos e pernas trêmulas na condução do seu veículo. Mas desperto para o som da seta novamente. Então, eu os observo. Dou risada dos meus pensamentos descansando a perna no banco de couro, ou na embreagem. Faço uma pausa no caminho e compatilho com alguém a experiência para que meus nervos escutarem que sei da existência deles. 
É só sair da zona de conforto, zona de conhecimento, de vivência. Tento recordar sobre o início do conhecido que já foi desconhecido, mas não lembro do temor. Não adianta argumentar, muda minha respiração, muda a freqüência cardíaca. tensão para os ombros e olhos, que parecem usar mais de 150% de sua capacidade para nada fugir do alcance. Ainda bem que o vidro da direita abaixa com uma pequena pressão. Apesar dos meus dedos estarem molhados e a força no botão poderia levantar até 5 kilos. Existem pessoas que pensam para ajudar, mesmo não ajudando muito, fazem parecer que você não está sozinha. Pronto, daí invade uma vontade de comemorar, pular e gritar: cheguei! O endereço planejado e não caminhado concluiu-se com muitos desvios de rota. Definição de pavor por andar sem saber aonde, apesar de imaginar e querer o fim.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Anton Tchekhov

"Aquilo que provamos quando estamos apaixonados talvez seja o nosso estado normal. O amor mostra ao homem como é que ele deveria ser sempre."

"Nós não somos felizes, e a felicidade não existe; apenas podemos desejá-la."

"Não tenhas medo de parecer palerma; antes de tudo é preciso ter o espírito livre; só quem não teme escrever palermices tem o espírito livre."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

talvez seja uma pluma branca

quase que as paredes do meu apartamento me engoliram. é por pouco que as paredes que parecem brancas, mas tem um tom lilás perceptível apenas se você olhar para o teto branco puro, me engolem. acho que quando você se coloca em uma certa posição perante as coisas as coisas ficam maiores que você e sem perceber você é absorvido por elas. graças a uma força que não sei de onde vem, mas tenho certeza que existe, surge e me salva destes dentes afiados. gostaria que esta força estivesse sempre presente e não me abandonasse mais. o problema é que eu não mando nela. ou talvez mande, mas não é sempre que consigo evocá-la. ela é como uma chocolate branco que deixa uma gosto gostoso no céu da boca. é como um riso solto que vem por vir. é um olhar terno para o horizonte sem motivo. é como ver a graça na brincadeira que minha cadela faz em volta do rabo. talvez por falta de observação não sei quando ela me abandona. Ou talvez por ser uma pluma branca que voa com o vento e assenta somente quando a brisa para de bater.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

tipos de vestir...é uma arte

neste domingo alguns tipos me chamaram atenção. o primeiro foi quando olhei na fila do banheiro feminino de um shopping e procurei uma distração para minha espera. vejo uma menina de cabelos ralos, que se olha repetidamente no espelho. ela olha somente de um ângulo, não um ângulo comum, ela se mexia como se quisesse ver seu lado mais bonito do canto esquerdo do olhar periférico, sem sair da fila, quase fazendo uma torção completa do tronco. quase pedi para darem mais espaço para ela se ver. ela usava um lenço com detalhes no pescoço, uma camisa branca que não era nem muita solta nem muito grudada, acho que para não marcar alguns pneuzinhos que pareciam existir pela calça jeans apertada. a bolsa era azul piscina e um sapato amarelo de laço bem grande na ponta. ela falava através deste sapato amarelo. fabuloso. em outra fila, desta vez na espera de uma peça de teatro, vejo dois tipos incríveis. uma misturava um blaser branco com um lenço roxo, uma calça jeans e allstar azul. Foi inevitável pensar que ela já usou este blaser como terno e pensou nele separado e não mais junto. algo como "vivo bem com a separação". já o outro tipo era daqueles que nem fazendo esforço você consegue copiar. era realmente único. uma baixinha de cabelos cacheados usava um casaco de oncinha, mas ela não era nem de perto uma perua. o casaco era curto e por baixo saia uma blusa mais comprida com listas azuis cobrindo a bunda. a calça era um moleton largo azul marinho desbotado e no pé o bom e velho allstar preto. incrível. de alguma forma ela conseguiu ficar charmosa com esta combinação. tem certas pessoas que se vestem tão bem que dá vontade de puxar papo. teve uma outra que tentou fazer uma mistura exótica, mas não conseguiu. usava um blaser com jeans também. mas o blaser estava curto, a calça apertada demais próximo a canela e o tenis era da linha jogador de basquete, então não ficou bom. realmente algumas pessoas falam através de suas peças de roupa. acho que são artistas.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Telegrama de Zeca Baleiro



Eu tava triste Tristinho! Mais sem graça Que a top-model magrela Na passarela Eu tava só Sozinho! Mais solitário Que um paulistano Que um canastrão Na hora que cai o pano Tava mais bôbo Que banda de rock Que um palhaço Do circo Vostok...Mas ontem Eu recebi um Telegrama Era você de Aracaju Ou do Alabama Dizendo: Nêgo sinta-se feliz Porque no mundo Tem alguém que diz: Que muito te ama! Que tanto te ama! Que muito muito te ama, que tanto te ama!...

Por isso hoje eu acordei Com uma vontade danada De mandar flores ao delegado De bater na porta do vizinho E desejar bom dia De beijar o português Da padaria...Hoje eu acordei Com uma vontade danada De mandar flores ao delegado De bater na porta do vizinho E desejar bom dia De beijar o português Da padaria...
Mama! Oh Mama! Oh Mama! Quero ser seu! Quero ser seu! Quero ser seu! Quero ser seu papa (...) Me dê a mão vamos sair Prá ver o sol!

um pesadelo de merda de menina (Parte um)

brincadeira de meninas na piscina. o pai das amigas faz churrasco e enche a boia de tartaruga rosa com a força da barriga de chopp. vida simples, dia simples de sol, cidade simples pequena. homens e rapazes bonitos não notam a menina de boia amarela magra e miúda. a menina sai da piscina, seca as pernas e vai para avenida paulista. dobra o quarteirão e se casa com um tipo urbano. o dinheiro preso no sutiã cai e seu marido é atropelado pelo lotação. a menina se vende e na primeira noite transa com três homens. o terceiro homem é diferente. a menina o reconhece da rizada na beira da piscina do dia simples da cidade de sol pequena. tem um carinho gostoso, ingênuo que faz pelas costas até a nuca. o pai de barriga de boia é seu próximo cliente, mas o sinal de fim de espediente toca e a menina suspira aliviada por não precisar esvaziar a tartaruga rosa. o rapaz do riso da piscina volta e pede a exclusividade do carinho das costas só para ele. a menina passa por duas outras meninas que se lavam antes de dormir. tem muita merda de cores e texturas diferentes espalhadas pelos corredores, nos lençóis e nos boxes de banho. na sauna do banheiro de merda a menina só fica com o rapaz do carinho das costas da piscina.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Por que gosto tanto de "Caverna do dragão"?

é impressionante como gosto deste desenho. quando criança assistia sempre e agora quase todos os dias. é eu acordo por volta das 9h30 e vejo. pense o que quiser. mas este desenho me faz bem. mas sinceramente não sei bem a resposta do por quê. eles todos estão perdidos; (hum, talvez pelo mesmo motivo goste tanto de LOST); eles têm um poder que os ajuda no dia a dia para sobreviver neste mundo onde estão; todos dias têm uma nova esperança de achar o caminho de volta para casa; mas eles não acham! e eu sei que nunca vão achar. sei? sei sim. não sou mais criança para ter essas esperanças. mas mesmo sem esperanças eu assisto. já procurei na internet e vi que existem alguns supostos finais, mas não são originais. portanto o fim não foi realmente escrito. eu não tenho um personagem preferido, apesar de gostar muito do Eric. tenho um amigo que sonhou que estava dentro do desenho e que eu era a Sheyla. não. não tem nenhum personagem que eu sonharia em ser. então por que? talvez uma psicóloga possa me explicar melhor. mas talvez a resposta esteja na minha cara. A Dra. diria: perdida mais poderosa. ahah. luta pelos seus ideais. fantasia e sonha demais. esta quase alcançando seus objetivos, falta pouco. procura sempre um mestre para guiá-la...hum, só acho muito triste se for aplicada a parte de "saber que eles não vão voltar para casa nunca". tomara que este nunca seja aplicado a mim somente metaforicamente até escolher um novo desafio. aí depois outro e outro. e assim "nunca volte para casa".

quinta-feira, 25 de março de 2010

pisam no mesmo piso

um fio as une, mas não se vê. uma linha mágica transparente que laça seus ideais e corações. os sonhos delas andam pela mesma aquarela. moram na ilha banhada com as mesmas cores fortes e alegres. elas tomam refresco embaixo da mesma sombra e depois começam a caminhada. é claro que em alguns dos bons momentos cada uma vai para sua marquise. únicas. como cada um tem um universo, com elas não seria diferente. mas pisam naquele piso pisado uma vez por semana. no dia em que a programação da tv é chata, onde o mesmo apresentador se vê pelo reflexo das janelas do prédio ao lado. não foi por causa da tv. mas para ver nos olhos, uma da outra, seu desejo projetado. não são conhecedoras das letras. não possuem carteirinha da OAB, nem certificado da ECA. só têm a sensibilidade apurada dos ouvidos abertos. desenham na boca as palavras do autor e levam o corpo conforme comanda seu subconsciente. no palco são acariciadas pela luz de uma lanterna. torcem para que o som nunca pare de tocar na deixa. mas rezam para que um pouco mais aconteça. pois não foi fácil trocar as fronhas impregnadas de suor por um picadeiro. com a força dos atos, assim elas podem deitar tranquilas nos travesseiros onde esconderam seus segredos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

algodão doce


a alma pede um algodão doce para acompanhar. exibo a lista da memória que não é minha. rolam os nomes lembrados da tarde com risos de cumplicidade. o som que esperamos ser interrompido não se interrompe. minha sede por doce persiste e então enfim a dona da loja responde que a porta vai abrir em 40 minutos. o controle da respiração deve ser constante, conforme as instruções de uma mulher-bambu. o azeite escorre no canto da boca, mas não tem problema porque ele não faz mal para o coração. outro som, aquele que a gente sempre espera ouvir, toca, ressoa no ar, deixa uma atmosfera de esperança e dúvida. sempre paro de comer quando do outro lado da rua vejo crianças brincando. às vezes é só uma fantasia de que eu também possa tirar os sapatos e colocar o pé na areia. viajo e aterrizo no solo da doceria, mas só é gostoso sentar em almofada esquentada por outra bunda no frio. como um pedaço do doce, embrulho outro pedaço em papel laminado, para a vontade que vem no fim da noite. reparo que aquela estátua do alto talvez fique melhor em outra parte da estante. saio com a impressão que dormi de boca aberta, e que pela abertura saíram babas e cores não muito agradáveis de tocar. aí veio a vontade de comer a outra parte do meu algodão doce, e para a minha surpresa ele sumiu como já esperava.

segunda-feira, 15 de março de 2010

lá e cá

achei q estava. e pode estar. qual a diferença. pode estar até o pescoço. pode estar até a cintura. o real é que ainda não cobriu os olhos. está nem lá nem cá.

lá vejo a mediocridade. vejo de dentro da caixinha. vejo que a maioria está. mas tem estabilidade. tem conforto. tem aceitação da sociedade. tem paz com os outros. tem orgulho dos que me amam, mas não tem paz comigo.

cá vejo desafio. tem loucura, insanidade, desequilíbrio. sem teto, sem chão. é mar sem fundo. é descoberta de água límpida e turva. talvez ilusão. mas o sentimento transborda. as sensações são indefinidas. a carne se rasga com a realidade da verdade e da mentira. do escuro acende o saber infinito do saber.

molhada mas não mergulhada. ou talvez mergulho e volto um pouco sem ar. ainda preciso ver da borda como lá ainda está. para ver se ainda posso sair. não sei. não sei se eu mergulhar para não voltar sobrevivo. talvez se nunca estivesse seca não temeria o mergulho sem volta. ou se nunca estivesse seca não saberia o prazer de mergulhar.

ele zelador

ele manda tirar da frente a mobília do 14º, que desce pela garagem apreensiva.
ele dribla a sra. para que o cara que veio tirar medida do piso possa trabalhar.
ele levanta a cabeça indagador das coisas chatas que só atrapalham.
ele avisa que elevador social está em manutenção em notas fúnebres.
ele recebe a notícia que a moça saiu sem a chave de serviço em cólicas.
ele passa o rádio para soltar o elevador com a respiração saindo pelos olhos.
ele pede de nariz torcido que a moça espere no hall.
ele anuncia sem remorso que cachorro não pode andar por nenhuma área do prédio.
ele coloca que se de mau cheiro ele não pode falar com o cara da construtora que ele vê todo dia.
ele...viu a moça de biquini na piscina, sorri um sorriso de gentil cafajeste e oferece seus cuidados. ele: - "O barulho atrapalha a sra?"
ele um zelador das coisas das mulheres...

sexta-feira, 12 de março de 2010

Lostmaníacos
























Não resisti colo aqui algumas camisetas geniais que tirei de um blog tb incrível: "Pensar Enlouquece..." de Alexandre Inagaki. No clima do #LostDay e do início da sexta e última temporada de Lost...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Lady Macbeth falou comigo ontem




-Estava bêbada, aquela esperança de que te revestias? Caiu no sono, a tal? E agora ela se acorda, tão pálida e verdolenga, para examinar o que antes fez com tanta liberalidade? Deste momento em diante, calculo que esteja igualmente doentio o teu amor. Tens medo de ser na própria ação e no valor o mesmo que és em teu desejo? Queres ter aquilo que, por tua estimativa, é adorno da vida e, no apreço que tens de ti mesmo, levas a vida como um covarde, não é assim? Deixas que o teu "Não me atrevo" fique adiando tua ação até que teu "Eu quero" aconteça por milagre; como a gata coitadinha, que queria comer o peixe mas não queria molhar a pata.