sexta-feira, 19 de março de 2010

algodão doce


a alma pede um algodão doce para acompanhar. exibo a lista da memória que não é minha. rolam os nomes lembrados da tarde com risos de cumplicidade. o som que esperamos ser interrompido não se interrompe. minha sede por doce persiste e então enfim a dona da loja responde que a porta vai abrir em 40 minutos. o controle da respiração deve ser constante, conforme as instruções de uma mulher-bambu. o azeite escorre no canto da boca, mas não tem problema porque ele não faz mal para o coração. outro som, aquele que a gente sempre espera ouvir, toca, ressoa no ar, deixa uma atmosfera de esperança e dúvida. sempre paro de comer quando do outro lado da rua vejo crianças brincando. às vezes é só uma fantasia de que eu também possa tirar os sapatos e colocar o pé na areia. viajo e aterrizo no solo da doceria, mas só é gostoso sentar em almofada esquentada por outra bunda no frio. como um pedaço do doce, embrulho outro pedaço em papel laminado, para a vontade que vem no fim da noite. reparo que aquela estátua do alto talvez fique melhor em outra parte da estante. saio com a impressão que dormi de boca aberta, e que pela abertura saíram babas e cores não muito agradáveis de tocar. aí veio a vontade de comer a outra parte do meu algodão doce, e para a minha surpresa ele sumiu como já esperava.

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