quinta-feira, 29 de julho de 2010

cartas

tem dias que queria acordar na cartomante. ela abrir os reis os valetes e dizer das damas que como eu são muitas atraz de um destino. com o destino traçado nas cartas só precisaria seguir sem pestanejar o futuro que as mãos calejadas de olhos de esperança já abriram, como as cartas vermelhas e pretas de curiosidade. quais são a cartas que ficarão fora do baralho ou simplesmente não irão aparecer em nenhum dos três cortes do monte. um oito de paus imponente usando cartola e bengala irá ditar que quando a dama de espadas dorme os reis e valetes são embaralhados para uma nova fileira de possibilidades. o az de ouro estará na próxima carta comprada ou vai pro lixo, ou será trancado pelo três preto. dê um descanso para a cartomante e vire a próxima carta que encaixe com as que foram dadas no inicio do jogo e estão na sua mão. separe por naipes e sequência de números, assim tudo ficará claro para uma próxima jogada. e quem disse que não precisava de sorte estava errado. muita sorte é precisa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

poeira branca

estava a caminho da estrada de terra branca cheia de pedrinhas claras e camufladas de pó. começa a chover mas logo para e não sinto nenhuma gota da água da chuva em mim. ela não me molha. vejo só a três passos que uma poça se formou no meio ao pó. a água que não é mais do céu e sim do chão sujo de poeira. não se pode secar a água do chão no meio da estrada. ela vai secar sozinha por si só. não vou pisar na poça. quem gosta de sair pulando em poças de água pelo caminho são as crianças de pé descalço, que podem lavar o pé sujo de lama com a mangueira no portão de casa. se eu apareço com os pés sujos de lama vão dizer que eu preciso vestir um avental branco e pular as poças imaginárias de um quarto vazio de luz fraca. então agora rezo para que chova todas as noites para assim poder tirar o pó da estrada branca que ficou em mim.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

hoje

é sim. o som do iiiii vem de traz dos olhos que se enchem de lágrimas. no vibrato das rugas da testa que se abrem para tudo voltar ao normal. os lábios pregam em quase bico. ai, respira. só assim.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

blusa azul

sabe aquela blusa que parece que não tem nada de mais? ela é simples, de algodão, gola v, manga comprida e fininha. mas não é isso que a torna especial. é o azul. é de um azul que quem não entende nada de cor como eu não sabe explicar. não é royal. não é celeste. não é bebê. não é marinho. é de um azul quase cinza. eu gosto muito de usá-la. e eu descobri porque gosto tanto dela. ela é azul. do mesmo azul da roupa de todas as noites de alguém especial. que usa como se fosse uniforme de criação. então lembrei que esta cor tem muito do pouco que conheço dela. olhos. uniforme calça e blusa e macacão. figurino de rainha. de bailarina. de camisola de menina e filha. cor de ilusão, de inspiração. espero poder ter sempre uma assim na minha gaveta de blusas preferidas.