quarta-feira, 16 de junho de 2010

Macha

Dizem que não existem olhos negros, mas os seus são de puro negro.
O brilho descoberto de cílios é pretexto para uma aproximação qualquer.
O preto em que está mergulhada a faz ver com nitidez os pequenos raios de luz que entram pela janela.
Lembra com música dos rostos dos pais roubados pelo tempo.
Espera que os sinos dos irmãos toquem no alto da torre o badalar da felicidade, que você não ouve.
Aprecia os que como você toleram as decisões já tomadas, que por dignidade jamais as rompe.
Não rompe com os laços velhos presos em seu chapéu, mas sofre com as amarrilhas apertadas.
E quando toda escuridão se estabelece, você busca em sua memória a imagem daquele carvalho verde a beira mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário