segunda-feira, 16 de agosto de 2010

recipiente apertado



a alma despeja algo dentro de um recipiente apertado que não cabe nada. tudo transborda. é expurgado tudo que queria entrar com desespero. desespero por um recipiente que acalmasse, amparasse todas as partículas carentes de ilusões. podia ser só por um tempo maior que tudo cabesse ali. como a alma acreditou em um objeto desse, isso não se sabe. acho que ela estava com a vista turva pelo perfume das sensações. o perfume também ludibriou a vontade da alma soprar o vento que a árvore precisava, e sem vento, ficou sem flores. agora vai ter que fazer força extrema para parar de chorar o que já foi derramado e o que não foi soprado com vontade. seu peito apertado permite que dê um salto ela veja de binóculo que ela diminuiu de tamanho. encolheu dolorida. agora o líquido passa debaixo da porta junto com o vento e ela olha pra cima pra soprar novas flores que vão nascer, e pensar que ainda pode comer uma pétala rosa com gosto de mel e encher uma taça que cabe seu vinho.

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