quarta-feira, 28 de abril de 2010

Amor em partes

Calma... É preciso ter calma. Parar de achar que ouve e sabe todos os subtextos das palavras e olhares. Apegue-se só ao que foi dito. Você também tem toda a liberdade de rir com os olhos e gritar com a alma. Tudo em partes. Existe sim uma histeria querendo pular pela janela todos os dias às seis horas da tarde. E é a falsidade quem ensina aos ouvidos dos garotos de trinta anos, como tomar impulso no décimo oitavo andar. Saiba que a rejeição é causada pela incompatibilidade de unhas da mesma cor. Mas você delira em receber o olhar carinhoso de quem nunca te viu e mesmo assim parece que já o conhece de muitos anos, ele ama você. Amarão você em um simples olhar no vermelho do semáforo. E um simples suspiro seu vai incomodar. Que droga... De manhã você é admirada e considerada uma pessoa talentosa e interessante. À tarde uma preguiçosa que tem pouca força de vontade. À noite uma mulher com cara de menina que sabe fazer, mas não sabe justificar o como. Cada um só conhece um terço do que é você. Até quem acha que te conhece bem não sabe nada. Você mesma se descobre a cada dia. Todo mundo já sabe isso. Não é uma novidade. E mesmo assim continuam pedindo para que os amem. Amem-me por inteiro, por favor, pois sou uma pessoa...

terça-feira, 27 de abril de 2010

falando com o inconsciente


hoje é um experimento total.
não tem meio, não tem fim.
alguns vômitos.
alguma diarréia mental.
visão perfumada de mundo exterior.
impressão do outro pra comigo.
desabafo com amigo invisível.
diário terapêutico.
ego transbordado.
sim, ainda que contrariamente isso é blog de um eu.
desculpe se decepcionei.
por hora é o que dá para oferecer.
não, por hora é o que um eu quer refletir.
sem meio sem fim.
não vou procurar um fim maior.
acho que ele vai aparecer, e se não aparecer, e daí.

domingo, 25 de abril de 2010

olhos verdes


diante dela a camisa verde e olhos. ora rasos, ora profundos e risonhos. jeito moleque de não saber muito o querer, apesar de achar que sabe. ternura nas palavras de lábios rosa. brinca de ser rude com mau jeito para matar a formiguinha barulhenta do canto da sala de aula. olha de baixo para cima quando recebe o elogio do homem que tem barbas maiores e mais escuras. baba nas bonecas. bonecas loiras, ruivas, baixas, magras, velhas ou fazendo beicinho de vestibular. faz bem o palhaço como no filme que morreu rindo. e agora olha para ela e faz acreditar no mergulho profundo verde, que ora raso, faz cócegas de rir como com irmão de oito anos menos. no raso vai querendo fazer de sério para ouvir o que diz com a gargalhada presa no céu da boca. no fundo ela esquece e faz de conta que ele é o homem que só usava bigodes e tem o tempo para controlar ela de chapéu nas mãos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

desvios de rota

Começo quando planejo um bom começo. Não, nem sempre. Nem sempre os significados e sons usam as mesmas letras. 
Pic, pic, pic eu ouvia de fundo. Pode ser que seja dic, dic, dic. Ou ainda tic, tic, tic e ele ecoava igual e sem parar. Este som de seta ligada desde o momento que pensei entrar na rua estreita desconhecida faz ecoar um som de que nunca estive sozinha. 
Posso pesquisar para ver se nada está escrito errado no endereço, traçar rotas. Quando não se sabe o que esperar dos novos caminhos, nada basta. Corre-se o risco de deixar passar detalhes, e os erros o levarão para outro ponto de vista. 
O risco de rodear e cair no pânico. Pavor que transpira as mãos e pés. Deixa as mãos e pernas trêmulas na condução do seu veículo. Mas desperto para o som da seta novamente. Então, eu os observo. Dou risada dos meus pensamentos descansando a perna no banco de couro, ou na embreagem. Faço uma pausa no caminho e compatilho com alguém a experiência para que meus nervos escutarem que sei da existência deles. 
É só sair da zona de conforto, zona de conhecimento, de vivência. Tento recordar sobre o início do conhecido que já foi desconhecido, mas não lembro do temor. Não adianta argumentar, muda minha respiração, muda a freqüência cardíaca. tensão para os ombros e olhos, que parecem usar mais de 150% de sua capacidade para nada fugir do alcance. Ainda bem que o vidro da direita abaixa com uma pequena pressão. Apesar dos meus dedos estarem molhados e a força no botão poderia levantar até 5 kilos. Existem pessoas que pensam para ajudar, mesmo não ajudando muito, fazem parecer que você não está sozinha. Pronto, daí invade uma vontade de comemorar, pular e gritar: cheguei! O endereço planejado e não caminhado concluiu-se com muitos desvios de rota. Definição de pavor por andar sem saber aonde, apesar de imaginar e querer o fim.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Anton Tchekhov

"Aquilo que provamos quando estamos apaixonados talvez seja o nosso estado normal. O amor mostra ao homem como é que ele deveria ser sempre."

"Nós não somos felizes, e a felicidade não existe; apenas podemos desejá-la."

"Não tenhas medo de parecer palerma; antes de tudo é preciso ter o espírito livre; só quem não teme escrever palermices tem o espírito livre."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

talvez seja uma pluma branca

quase que as paredes do meu apartamento me engoliram. é por pouco que as paredes que parecem brancas, mas tem um tom lilás perceptível apenas se você olhar para o teto branco puro, me engolem. acho que quando você se coloca em uma certa posição perante as coisas as coisas ficam maiores que você e sem perceber você é absorvido por elas. graças a uma força que não sei de onde vem, mas tenho certeza que existe, surge e me salva destes dentes afiados. gostaria que esta força estivesse sempre presente e não me abandonasse mais. o problema é que eu não mando nela. ou talvez mande, mas não é sempre que consigo evocá-la. ela é como uma chocolate branco que deixa uma gosto gostoso no céu da boca. é como um riso solto que vem por vir. é um olhar terno para o horizonte sem motivo. é como ver a graça na brincadeira que minha cadela faz em volta do rabo. talvez por falta de observação não sei quando ela me abandona. Ou talvez por ser uma pluma branca que voa com o vento e assenta somente quando a brisa para de bater.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

tipos de vestir...é uma arte

neste domingo alguns tipos me chamaram atenção. o primeiro foi quando olhei na fila do banheiro feminino de um shopping e procurei uma distração para minha espera. vejo uma menina de cabelos ralos, que se olha repetidamente no espelho. ela olha somente de um ângulo, não um ângulo comum, ela se mexia como se quisesse ver seu lado mais bonito do canto esquerdo do olhar periférico, sem sair da fila, quase fazendo uma torção completa do tronco. quase pedi para darem mais espaço para ela se ver. ela usava um lenço com detalhes no pescoço, uma camisa branca que não era nem muita solta nem muito grudada, acho que para não marcar alguns pneuzinhos que pareciam existir pela calça jeans apertada. a bolsa era azul piscina e um sapato amarelo de laço bem grande na ponta. ela falava através deste sapato amarelo. fabuloso. em outra fila, desta vez na espera de uma peça de teatro, vejo dois tipos incríveis. uma misturava um blaser branco com um lenço roxo, uma calça jeans e allstar azul. Foi inevitável pensar que ela já usou este blaser como terno e pensou nele separado e não mais junto. algo como "vivo bem com a separação". já o outro tipo era daqueles que nem fazendo esforço você consegue copiar. era realmente único. uma baixinha de cabelos cacheados usava um casaco de oncinha, mas ela não era nem de perto uma perua. o casaco era curto e por baixo saia uma blusa mais comprida com listas azuis cobrindo a bunda. a calça era um moleton largo azul marinho desbotado e no pé o bom e velho allstar preto. incrível. de alguma forma ela conseguiu ficar charmosa com esta combinação. tem certas pessoas que se vestem tão bem que dá vontade de puxar papo. teve uma outra que tentou fazer uma mistura exótica, mas não conseguiu. usava um blaser com jeans também. mas o blaser estava curto, a calça apertada demais próximo a canela e o tenis era da linha jogador de basquete, então não ficou bom. realmente algumas pessoas falam através de suas peças de roupa. acho que são artistas.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Telegrama de Zeca Baleiro



Eu tava triste Tristinho! Mais sem graça Que a top-model magrela Na passarela Eu tava só Sozinho! Mais solitário Que um paulistano Que um canastrão Na hora que cai o pano Tava mais bôbo Que banda de rock Que um palhaço Do circo Vostok...Mas ontem Eu recebi um Telegrama Era você de Aracaju Ou do Alabama Dizendo: Nêgo sinta-se feliz Porque no mundo Tem alguém que diz: Que muito te ama! Que tanto te ama! Que muito muito te ama, que tanto te ama!...

Por isso hoje eu acordei Com uma vontade danada De mandar flores ao delegado De bater na porta do vizinho E desejar bom dia De beijar o português Da padaria...Hoje eu acordei Com uma vontade danada De mandar flores ao delegado De bater na porta do vizinho E desejar bom dia De beijar o português Da padaria...
Mama! Oh Mama! Oh Mama! Quero ser seu! Quero ser seu! Quero ser seu! Quero ser seu papa (...) Me dê a mão vamos sair Prá ver o sol!

um pesadelo de merda de menina (Parte um)

brincadeira de meninas na piscina. o pai das amigas faz churrasco e enche a boia de tartaruga rosa com a força da barriga de chopp. vida simples, dia simples de sol, cidade simples pequena. homens e rapazes bonitos não notam a menina de boia amarela magra e miúda. a menina sai da piscina, seca as pernas e vai para avenida paulista. dobra o quarteirão e se casa com um tipo urbano. o dinheiro preso no sutiã cai e seu marido é atropelado pelo lotação. a menina se vende e na primeira noite transa com três homens. o terceiro homem é diferente. a menina o reconhece da rizada na beira da piscina do dia simples da cidade de sol pequena. tem um carinho gostoso, ingênuo que faz pelas costas até a nuca. o pai de barriga de boia é seu próximo cliente, mas o sinal de fim de espediente toca e a menina suspira aliviada por não precisar esvaziar a tartaruga rosa. o rapaz do riso da piscina volta e pede a exclusividade do carinho das costas só para ele. a menina passa por duas outras meninas que se lavam antes de dormir. tem muita merda de cores e texturas diferentes espalhadas pelos corredores, nos lençóis e nos boxes de banho. na sauna do banheiro de merda a menina só fica com o rapaz do carinho das costas da piscina.